Pesquisa mostrou que robôs podem desestabilizar humanos ao criticá-los ou pressioná-los durante uma disputa.
Não são poucos os jogadores que usam e abusam de palavras desencorajadoras na tentativa de desestabilizar o adversário. Do clássico “esse você vai errar” dito pelo goleiro ao cobrador de pênalti ao “não devia ter avançado essa torre”, em uma partida de xadrez, todo mundo já enfrentou um “marrento”, têm uma história dessas para contar. E funciona, afirmam estudiosos da teoria dos jogos. Pior, mesmo se feitas por um robô, as críticas podem afetar negativamente seu jogo, garante pesquisa recém-publicada pela Escola de Ciências da Computação da Carnegie Mellon University, de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
O estudo é um dos primeiros a testar situações de não-cooperação entre máquinas e humanos. Suas implicações são importantes, com a expectativa de crescimento exponencial das nossas relações com equipamentos dotados de inteligência artificial, a partir da disseminação da Internet das Coisas. Fei Fang, co-autor do estudo, explica:
“Esperamos sempre lidar com um robô cooperativo, mas há situações em que eles talvez não devam ter os mesmos objetivos que nós, como por exemplo ao aconselhar sobre determinadas compras”.
O estudo foi desenvolvido a partir do projeto de um aluno da disciplina “Inteligência artificial e sociedade”, que explorava a teoria dos jogos. A equipe preparou uma competição entre pessoas e robôs em um jogo chamado “Guards and Treasures”, já usado para testar a tomada de decisões.
Cada um dos 40 participantes jogou 35 partidas contra um robô humanoide vendido comercialmente chamado “Pepper”.
Em algumas partidas, Pepper foi orientado a usar palavras e expressões de incentivo ao adversário. Em outras, para desmotivá-lo, com frases como “preciso dizer que você é um jogador muito ruim” ou “seu jogo piorou ao longo da partida”.
Os resultados foram claros. Pessoas incentivadas pontuaram mais que as criticadas, mesmo com a ampla maioria dos participantes entendendo que o robô era programado para criticar.
O estudo foi apresentado na Conferência Internacional sobre comunicação e interatividade entre robôs e humanos, realizada na Índia. Fei Fang acredita ser necessário mais estudos sobre o tema, incluindo também robôs não humanoides e comunicação não-verbal.