Cientistas testam machine learning em estudo sobre o Big Bang.
Pesquisadores comemoraram, no início deste ano, os resultados da aplicação de machine learning na análise dos dados gerados pelo acelerador de partículas do Berkeley Lab, na Califórnia. O equipamento é usado no estudo das interações nucleares, promovendo o choque entre partículas atômicas. São colisões a velocidades próximas à da luz, entre elementos bem menores que átomos, simulando os eventos que ocorreram logo após o Big Bang, há bilhões de anos.
Os choques geram um pequeno universo de dados e um dos desafios é exatamente identificar quais resultados são relevantes e quais não são. Na Califórnia, as técnicas de machine learning foram testadas na interpretação de 18.000 imagens geradas pelo acelerador de partículas. O resultado foi uma taxa de sucesso de 95% no reconhecimento de padrões de interesse. Um índice muito superior ao alcançado pelos cientistas.
O próximo passo é usar os algoritmos em experimentos reais em busca das características de uma das mais misteriosas matérias do universo, o plasma quark-gluon. Formado pela quebra das partículas em sua forma mais fundamental, similar à ocorrida nos infinitesimais segundos após o Big Bang, o plasma quark-gluon desafia os cientistas. “Em física nuclear, o santo graal é entender as transições nestas reações de alta energia”, comenta o autor do estudo do Departamento de Física Nuclear do Berkeley Lab, Long-Gang Pang.
“Com este tipo de Machine Learning nós buscamos um conjunto de padrões capaz de identificar as equações para a transição de estado, e o sistema aprendeu e encontrou as mais relevantes”, completou Pang. Embora a programação tenha sido feita na Califórnia, o processamento utilizou máquinas na Alemanha e na China, com elevado poder de processamento.
As expectativas são elevadas devido ao método usado no experimento. Os cientistas aproveitaram-se da deep learning, um ramo do machine learning capaz de aprender de múltiplas formas. Ainda em desenvolvimento e dependente de uma capacidade muito elevada de processamento, o deep learning tem sido usado com sucesso no reconhecimento de padrões e processamento de linguagem, entre outras situações que envolvem um volume extraordinário de dados.
É a base para o que se espera da verdadeira Inteligência Artificial e, aliado à também incipiente computação quântica, as técnicas podem revolucionar o mundo. Há um universo de Big Data disponível no mundo, à espera de processamento. São informações demográficas, climáticas, econômicas e sociais, escondendo soluções para problemas que afligem a todos nós.