Redes via satélite são promessas de cobertura global para dispositivos IoT.
Há cerca de 40 anos um grupo de professores e estudantes de ciência da computação da Carnegie Mellon University incrementaram uma máquina de Coca-Cola instalada no hall da universidade, criando o que pode ser considerado um dos primeiros exemplos de Internet das Coisas (IoT), muito antes até do termo ser criado. Para evitar a frustração de ir até a máquina e encontrá-la vazia ou abastecida com refrigerantes ainda quentes, eles conectaram o equipamento à precursora da internet atual, a Arpanet. Assim eram informados sobre o estoque e a temperatura das bebidas.
Das primeiras tentativas, rudimentares e totalmente dependente de fios, chegamos aos dias atuais com computação na nuvem, Wi-Fi e redes móveis, mas ainda esbarramos em limitações de capacidade de transmissão, velocidade e disponibilidade de rede, como já falamos aqui. E uma das alternativas que podem revolucionar o segmento é a crescente entrada dos satélites no jogo.
A grande vantagem do uso de satélites para integrar dispositivos de IoT é a possibilidade de disponibilizar conectividade global. As redes móveis de celular estão amplamente disponíveis em centros urbanos, mas inexistem em locais com poucos habitantes, inviabilizando aplicações que possam ser úteis em áreas com baixa infraestrutura, por exemplo. Com a iniciativa de várias empresas, sobretudo europeias, de investir em satélites, esse cenário pode mudar.
Luis Jimenez-Tunon, vice-presidente executivo da Eutelsat, mostra que a empresa mira justamente áreas não cobertas pelas redes de celular: “Esses lugares são muito mais comuns do que as pessoas pensam porque as operadoras direcionam seus serviços para pessoas e não para territórios”. E mais: “Também é uma boa solução de backup para aplicativos que exigem maior resiliência”.
Até o final de 2020 a Swarm Technologies pretende lançar 150 satélites para dar suporte a IoT. Outras empresas, como a holandesa Hiber e a norte-americana EchoStar, têm planos de abrir frentes nesse ramo.
A postura das empresas tendem a ser não de competição com as de redes para celular, mas de complementaridade. O sistema da Eutelsat, por exemplo, permite às empresas de telecomunicações estenderem sua cobertura e viabilizar usos de IoT em regiões fora de sua abrangência.
Por enquanto os custos da operação de satélites para suporte de IoT são relativamente baixos, o que pode ser outro incentivo para seu fomento. Se hoje o setor não chega a comandar 1% do mercado, a expectativa é que possa dobrar de tamanho em breve, segundo análise de Justin Cadman, sócio da Quilty Analytics, empresa de pesquisa e consultoria.
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