CIMON, Robô dotado de Inteligência Artificial, volta à Estação Espacial Internacional com a capacidade de analisar emoções humanas.
Em “2001: uma odisseia no espaço” – história de Arthur C. Clarke imortalizada no cinema sob direção de Stanley Kubrick – o computador HAL 9000 comanda a nave espacial Discovery, onde se passa boa parte da trama. Dotado de Inteligência Artificial (IA), ele interage com os tripulantes, joga xadrez, aprecia manifestações artísticas e é capaz de expressar e interpretar emoções humanas.
Pouco mais de cinquenta anos após o lançamento do filme, pioneiro em abordar os limites e dilemas da ainda incipiente IA, vemos algo semelhante acontecendo na vida real. No início de dezembro a cápsula espacial Dragon, da SpaceX, levou pela segunda vez à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) o robô CIMON, primeiro assistente de astronauta com IA. O dispositivo foi desenvolvido conjuntamente pela IBM, a Airbus e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR).
O nome é derivado de Crew Interactive Mobile Companion (“Companheiro Móvel Interativo da Tripulação”, em tradução livre) e pronuncia-se Simon. Embora não tenha formato humanóide e ostente um “rosto” cartunesco, CIMON retorna ao espaço com aprimoramentos, sobretudo em relação à sua capacidade de lidar com as emoções humanas.
“Quando implantado pela primeira vez na ISS, CIMON provou que podia entender não apenas o conteúdo dentro de um determinado contexto, mas também a intenção por trás dele”, comenta Matthias Biniok em comunicado da IBM. O sistema foi atualizado com o “Watson Tone Analyzer”, ferramenta que permite avaliar as emoções dos astronautas e responder às situações de maneira apropriada. “Com esta atualização, CIMON transformou-se de assistente científico em parceiro empático de conversação”.
O assistente tem se mostrado bem-sucedido na missão de auxiliar os tripulantes da ISS. Nos estreitos corredores da Estação Espacial, ele ajuda nos experimentos científicos realizados em ambientes sem gravidade, exibindo instruções, gravando imagens e avaliando o processo. Com isso, poupa tempo entre os procedimentos e facilita a consulta de informações. Em um ambiente hostil e estressante aos humanos, tem sido um bom companheiro.
Veteranos do espaço, tais como CIMON, podem ser nossos olhos e ouvidos em viagens aos confins do universo. “Se você vai para a Lua ou para Marte, você não pode levar todos os engenheiros com você. Então, os astronautas estarão por conta própria. Mas com a inteligência artificial, você tem disponível instantaneamente todo o conhecimento da humanidade” comenta Christian Karrasch, líder do projeto no DLR. Só esperamos que CIMON cresça e torne-se um aliado, e não um psicopata, como seu colega da ficção.