Human First e outras reflexões sobre os desafios da tecnologia no capitalismo contemporâneo.
A série de disrupturas sociais e econômicas das últimas décadas não encontra equivalente na História recente e exigiu dos pensadores novos modelos teóricos. Capitalismo cognitivo, pós-industrial ou turbocapitalismo são alguns dos conceitos propostos para entender o presente e as novas configurações do Capital e do Trabalho, assim como as reflexões do Human First.
A origem desta nova onda de modelos teóricos remonta ao período de acelerada internacionalização econômica e globalização de capitais, intensificada pela queda do muro de Berlim, entre as décadas de 1980 e 1990. O mundo já não era o mesmo. Uma das mudanças de maior impacto foi o protagonismo assumido pelas novas tecnologias da informação e comunicação (TICs).
Um viés recente propõe uma reflexão sobre o momento atual, sugerindo que, após décadas adaptando os processos antigos à nova tecnologia, é hora de construir uma nova base teórica, com os seres humanos pensados em primeiro lugar.
O “Human First” propõe que a tecnologia deve ser usada para melhorar a vida das pessoas, em termos definidos pelas pessoas. Todas as pessoas. Veremos em que ponto do futuro estas diferentes visões do papel da tecnologia dialogam ou se anulam. Alguns dos princípios do Human First:
- Foco na solução de problemas reais de pessoas reais.
- Busca da simplicidade.
- As pessoas não se adaptam à tecnologia, é a tecnologia que se adapta às pessoas.
As proposições do movimento dialogam com um panorama maior proposto pelos filósofos Michael Hardt e Antonio Negri em seu polêmico livro “Império”, publicado em 2000. Eles evidenciaram o papel dominante de organizações supranacionais, como o FMI, as ONGs e os conglomerados multinacionais, e a perda de voz dos governos e pessoas. Essa hegemonia é incrementada pela força da cultura, disseminada pelas TICs. Por isso o termo capitalismo cognitivo ou cultural.
Neste cenário, o conhecimento tem papel central. A nova produtividade vem da inteligência aliada à tecnologia, tornando difícil sua mensuração em termos de quantidade de horas de trabalho.
Os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação estão no centro das mudanças vivenciadas pela economia e sociedade. Os debates teóricos, muitas vezes sustentados por estruturas de pensamento ainda analógicas, tendem a reproduzir as diferentes visões de mundo já em busca por hegemonia na era pré-internet.
Os ganhos de produtividade gerados pelo conhecimento e pela transnacionalização do sistema financeiro impulsionaram a economia, gerando um sistema com características muito próprias. Mais do que apenas atender às demandas dos consumidores, é necessário criar outras demandas e mercados a satisfazer.