Opções de segurança biométrica ainda convivem com as tradicionais sequências de caracteres ou padrões. Mas até quando?
Há 30 anos, uma senha era necessária para as pioneiras operações bancárias eletrônicas, para destravar um cadeado ou, no caso dos mais afortunados, para guardar de modo seguro valores em um cofre. Há 20, alguns já tinham a conta de e-mail e o acesso ao microcomputador, em casa ou no trabalho, protegidos. Dez anos atrás, um usuário comum facilmente acumulava uma dúzia de sites e softwares que exigiam senhas e, com a disseminação dos smartphones, vivemos em um mundo blindado por códigos alfanuméricos.
Mas a onipresença das senhas parece ameaçada pela popularização da biometria. Reconhecimento facial, de impressões digitais e de íris já não são mais itens de filme e estão disponíveis em aparelhos celulares com preços acessíveis. A promessa de segurança que eles oferecem é alta, visto que se baseiam em características particulares de cada indivíduo. Mas não há só vantagens nisso.
Os prós e os contras
Senhas são simples e convenientes. Quando baseadas em informações pessoais (datas de nascimento, números de telefone, nomes de animais de estimação), facilitam a memorização mas podem ser descobertas por pessoas que conheçam o usuário ou tenham acessado seus dados.
Se formadas apenas por números (os chamados PINs – personal identification numbers), são ainda mais vulneráveis a um sistema hacker, que pode quebrar um PIN de seis dígitos em questão de horas, com não mais do que 1 milhão de tentativas (enquanto seriam necessárias testar quase 700 milhões de combinações para hackear uma sequência formada com letras, símbolos e números).
É altamente recomendável o uso de uma senha exclusiva para cada serviço, o que raramente acontece na prática, dado que, não raro, dispomos de dezenas de cadastros. O mais comum é utilizar de uma a três variações, o que reduz muito a segurança. Contudo, se há alguma suspeita de violação, basta trocar o código.
E é justamente no fato de os dados biométricos serem exclusivos de cada pessoa que residem suas principais vantagens e também alguns de seus pontos problemáticos. É extremamente difícil falsificar, imitar ou roubar impressões digitais, rostos, vozes ou íris. Também não é possível perder, emprestar ou esquecer essas assinaturas biológicas, ou seja, dificilmente alguém mais terá acesso a elas, além do próprio dono.
Entretanto, a ideia de um registro fiel e inalterável pode ensejar problemas. Cortes, queimaduras ou o efeito do manuseio de produtos químicos podem prejudicar ou até mesmo inviabilizar a leitura das impressões digitais. Embora tenha avançado, a assertividade do reconhecimento facial ainda é afetada por expressões, acessórios, iluminação, maquiagem ou mesmo pelo avanço da idade, ganho ou perda de peso, etc. A identificação por voz, por sua vez, também sofre efeitos fisiológicos, além de ruídos e fatores ambientais. E o reconhecimento de íris, além de ser o mais caro e complexo de implementar, pode ser enganado com o uso de lentes de contato sofisticadas.
A leitura desse panorama nos leva a crer, então, que o ideal, ao menos por ora, é combinar os tradicionais passwords, PINs e padrões, com as opções de segurança biométrica acessíveis. Então, conserve seus dedos, cuide da garganta, vá ao oftalmologista, controle o peso e troque as senhas de tempos em tempos.