Segundo estudo, grupos de criminosos digitais não se organizam como os tradicionais mafiosos da história e da ficção.
Quando se fala nos elaborados crimes cibernéticos que vez ou outra tomam os noticiários, é comum pensar em grandes esquemas, organizações complexas e teorias conspiratórias. Mas um estudo divulgado recentemente pela Michigan State University mostra que, no mundo digital, diferentemente de outros ramos criminosos, você não vai encontrar um Pablo Escobar ou um Vito Corleone ditando as regras ao longo de anos, para dezenas ou centenas de colaboradores ou membros da famiglia.
Nas investidas de hackers contra instituições financeiras e grandes organizações, o mais comum é que eles se agrupem para determinada ação, escolhidos de acordo com suas habilidades específicas, e depois de concluída a missão, se dispersem.
“Descobrimos que esses cibercriminosos trabalham em organizações, que diferem dependendo da ofensa. Eles podem ter relações um com o outro, mas não são grupos sofisticados de vários anos, de várias gerações, que você associa a outras redes de crime organizado”, comenta Thomas Holt, professor de justiça criminal da MSU e co-autor do trabalho, que analisou 18 casos ocorridos na Holanda. O autor principal, E. R. Leukfeldt, é pesquisador do Instituto Holandês para o Estudo do Crime e da Polícia.
“Certamente, existem diferentes estados e grupos nacionais envolvidos no crime cibernético, mas os que causam mais danos são grupos soltos de indivíduos que se reúnem para fazer uma coisa, fazem muito bem e, depois de um tempo, desaparecem”, completa o professor Holt.
Por se organizarem de forma tão distinta daquelas que as forças investigativas estavam acostumadas a lidar, o desafio de evitar e combater crimes dessa natureza é grande. O fato de utilizarem a dark web e criptomoedas também agrega dificuldade em encontrar os rastros de suas ações.
A expectativa dos pesquisadores envolvidos no trabalho é que ele auxilie na reflexão sobre o tema: “Esperamos ver melhores relações entre a aplicação da lei e a academia e melhor compartilhamento de informações para que possamos entender melhor o comportamento dos envolvidos”, diz Holt.
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(Crédito da imagem: Pete Linforth/Pixabay)