Cientistas de Berkeley desenvolvem estrutura que pode revolucionar supercomputadores e data centers.
O fluxo de dados gerados e processados a cada segundo pelo uso praticamente onipresente da tecnologia nos dias de hoje não para. Aliás, só cresce, e com eles os desafios inerentes a essa demanda. Torna-se um imperativo, então, buscar as soluções para viabilizar que os sistemas funcionem a contento.
Verdadeiros exércitos de pesquisadores se empenham em desenvolver aprimoramentos e inovações, como é o caso da ainda incipiente internet quântica, da qual já falamos aqui. Em outra frente, cientistas de Berkeley, na Califórnia, estão trabalhando em uma solução que pode revolucionar o tráfego de dados nos data centers e computadores de alta performance.
Trata-se de um “interruptor fotônico”, dispositivo que controla a direção da luz no interior das fibras ópticas, atuando como um guarda de trânsito, organizando o tráfego. Ele é formado por mais de 50 mil estruturas que redirecionam um dos 240 feixes microscópicos de luz que transitam nas fibras, fazendo com que façam uma curva de 90 graus ou sigam em linha reta, conforme esteja ligado ou desligado o interruptor, gravado sobre uma pastilha de silício e cobre pouco maior que um selo postal.
Segundo o coordenador do projeto, Ming Wu, professor de engenharia elétrica e ciências da computação em Berkeley, os “switches” são 10 mil vezes mais rápidos do que os atuais, e podem, por isso, mudar as redes de dados e os sistemas de inteligência artificial que conhecemos hoje. Os interruptores utilizados atualmente são formados por sistemas de espelhos e lentes que precisam ser girados fisicamente para redirecionar os feixes, o que leva muito tempo: um décimo de segundo. As estruturas que estão sendo desenvolvidas fazem isso em uma fração de microssegundo.
O trabalho conduzido pelo professor Wu surge como alternativa para a conexão de redes de servidores, hoje feita com a utilização de interruptores elétricos. Esses dispositivos geram muito calor e, dentro de alguns anos, podem não dar mais conta do recado. Além disso, superam os comutadores fotônicos usados atualmente em versatilidade e eficiência, pois acomodam mais conexões e não se afetam por perda de sinal.
Ao que tudo indica não deve demorar muito para que os pequenos agentes de tráfego de dados do professor Wu estejam ao nosso serviço – mesmo que não vejamos o intenso e rápido fluxos que eles estão gerenciando.