Uso controlado do reconhecimento facial é a discussão do momento.
Máquinas têm muita dificuldade para pensar, mas aprendem com rapidez e são especialmente eficientes na análise de imagens. Estes são alguns dos motivos que levaram ao desenvolvimento acelerado das tecnologias de reconhecimento facial. Dos filmes de ficção científica para qualquer smartphone recente, a capacidade de identificar uma pessoa pelos elementos do rosto é uma ação corriqueira e com uso em expansão.
O reconhecimento fácil traz benefícios sociais relevantes e empolgantes. Combate as fraudes, aumenta a segurança, incentiva a interação entre as pessoas e é uma maravilha para ajudar na organização de suas fotos digitais, peça ao seu computador ou celular para ativar o agrupamento por reconhecimento facial e veja oque acontece.
O risco do abuso, no entanto, é extraordinário. Pense em todos os filmes e livros com distopias autoritárias e reflita: ou o vilão (governo, empresa ou gênio do mal genérico) já usa algum tipo de ferramenta similar, ou gostaria muito de de usar, caso tivesse a oportunidade.
A busca por regulamentação cresce ano a ano e é esperado que as primeiras medidas globais sejam postas em prática já em 2019. Ativistas digitais e organizações de direitos civis já defendem as medidas, como a Big Brother Watch, que revelou o elevado índice de erros nos resultados da Polícia Metropolitana da Inglaterra. Ou American Civil Liberties Union (ACLU), que alerta para a diferença entre os sistemas de identificação biométrica (como digitais ou retina) e o reconhecimento facial, facilmente customizado para ser usado em conjunto com câmeras de vigilância e atuar como mecanismo de repressão.
Os ativistas ganharam, entretanto, um aliado inesperado. O presidente da Microsoft, Brad Smith, publicou recentemente artigo defendendo a adoção de leis já este ano. Atento ao mercado, ele percebe que se esperar pela ação dos governos, o setor poderá enfrentar regras duras e, por isso, incentiva algum tipo de auto-regulamentação. “Nós e outras empresas de tecnologia precisamos começar a criar salvaguardas para abordar a tecnologia de reconhecimento facial”, defende, no texto.
Enquanto isso, quem sabe já não é melhor ir aprendendo técnicas para escapar dos sensores e permanecer anônimo? Melhor ainda se a camuflagem estiver na moda. Tente aqui.