Pesquisa explora a relação das pessoas com os robôs, diante de um dilema moral.
A TV e o cinema povoaram o imaginário coletivo com inúmeros robôs nas últimas décadas. Muitos de nós adoraríamos bater um papo com C-3PO, de Star Wars, acompanhar ao menos uma parte da vida de Andrew Martin, “O homem bicentenário”, ou de tomar um cafezinho feito por Rosie, a fiel ajudante dos Jetsons. Já T-800, “O exterminador do futuro”, é certamente daquelas companhias que gostaríamos de evitar.
A cada ano que passa a existência de máquinas que executam funções das mais variadas e possuem até mesmo características humanoides deixa as telinhas e telonas e vêm para o mundo real. E a relação das pessoas com esses dispositivos despertou uma curiosidade nos cientistas: em que medida as pessoas demonstram preocupação com os robôs e levam princípios morais em conta, nesse contexto?
Sari Nijssen, da Radboud University, na Holanda, e Markus Paulus, da Ludwig-Maximilians-Universitaet (LMU), na Alemanha, conduziram o estudo tentando responder à seguinte pergunta: Em que circunstâncias e em que medida os adultos estariam dispostos a sacrificar robôs para salvar vidas humanas?
Aos participantes era apresentada uma situação de dilema moral, na qual eles precisavam dizer se estariam preparados para colocar em risco um indivíduo para salvar um grupo de pessoas feridas. Para um grupo, a vítima do sacrifício era humana. Para outro, um robô humanoide com várias características antropomórficas. Para o terceiro e último, um robô claramente reconhecido como tal.
O grande achado do experimento foi que, quanto mais humanizados os robôs, maior foi a dificuldade dos entrevistados em sacrificá-los. Em situações em que os robôs foram apresentados como tendo suas próprias percepções e sentimentos, foi tanto maior o nível de piedade. Alguns até demonstraram clara propensão a salvar o robô cheio de predicados em detrimento dos humanos anônimos.
Acerca dessas observações, o professor Paulus destacou que o grupo estudado atribuiu certo status moral aos robôs. E completou com um alerta: “uma possível implicação dessa descoberta é que as tentativas de humanizar os robôs não devem ir longe demais. Esses esforços podem entrar em conflito com a função pretendida para eles – nos auxiliar”.