Hype Cycle cada vez mais inflado é um alerta para os riscos da ignorância digital.
O Gartner Hype Cycle, ou simplesmente Hype Cycle, é uma representação gráfica dos estágios de vida de uma tecnologia. Suas curvas, muitos pensadores rapidamente perceberam, são similares às do efeito Dunning-Kruger e sua proposição de que a ignorância nos torna confiantes.
Ambos os termos são recentes (para nós, que assistimos ao nascimento da internet) e não necessariamente consolidados na academia. O que não impediu sua disseminação. Interpostos, os dois gráficos levantam a pergunta: estamos à beira do grande vale da desilusão com as promessas da Inteligência Artificial?
A questão ganhou voz aqui, com o questionamento sobre seu uso em aplicativos como o Predictim. Polêmico, mas ativo, o aplicativo afirma ser capaz de utilizar AI para identificar o risco na contratação de babás, cuidadores de idosos, dog-walkers e outros. Em suas palavras: “Nossos algoritmos de Inteligência Artificial foram treinados a usar bilhões de dados de redes sociais para incrementar os resultados de nossos relatórios de personalidade”.
A verdade é que não existe tecnologia em AI capaz de entregar aos pais a certeza de acertar na escolha da babá. O que existe, e sempre existiu, é a oferta de soluções mágicas que surfam no pico da onda das expectativas exageradas do Hype Cycle aproveitando-se do mar de ignorância dos primeiros momentos do efeito Dunning-Kruger.
Coincidentemente, ambos momentos antecedem a hora da verdade de toda nova tecnologia, quando ela é chamada a entregar o que vendeu.
A edição mais recente do Hype Cycle apresenta ainda a caminho do pico de expectativas tecnologias como Blockchain for Data Security, robôs inteligentes e sistemas ativos de cura. Lá no alto, com previsão de testes de viabilidade nos próximos dois anos, tecnologias como dos assistentes virtuais e redes neurais para Deep Learning. Estaremos lá no futuro para conferir.