Tecnologia que identifica pessoas pelo modo de andar avançou muito nos últimos anos.
Quando chegou ao mercado, em 2010, o Kinect despertou a atenção do grande público para uma tecnologia que saltou aos olhos, por inovadora que era: o equipamento ligado ao console Xbox permitia a detecção de movimentos corporais para jogar. Mas a verdade é que o uso de sensores para captar movimentos e, mais do que isso, até mesmo identificar pessoas a partir deles, já vinha sendo desenvolvido havia anos.
Em 2002 o Georgia Tech Research Institute anunciou que podia identificar uma pessoa pelo jeito de andar com até 90% de nível de acerto. Os meios, contudo, hoje parecem antiquados: o sistema usava ondas de radar para construir a “imagem” do indivíduo se movimentando.
Atualmente essa possibilidade já está consolidada, com o desenvolvimento da inteligência artificial e a disponibilidade de câmeras e sensores avançados. Até mesmo no Brasil já há iniciativas nesse ramo, como a pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) que criou um desses sistemas.
Assim como uma impressão digital, a combinação entre a forma do corpo e as características do andar de uma pessoa constituem uma marca exclusiva. Se o reconhecimento facial, também em franco desenvolvimento e utilização, pode ser burlado com o uso de máscaras, perucas ou capacetes, a detecção pelo caminhar parece dificultar a vida dos mal-intencionados. Isso porque mesmo que alguém altere a forma como anda de propósito, ela continuará tendo a mesma altura, o mesmo tamanho de pernas e braços, entre outras características.
As promessas dessa tecnologia são as mais variadas, como facilitar os processos de embarque em aeroportos, a identificação de pessoas desaparecidas e até mesmo de criminosos disfarçados.
O principal cenário de uso dessa tecnologia é a China. As polícias de Beijing e Shangai já fazem uso de sistemas como esse, associado aos de reconhecimento facial. Soma-se a isso o fato de o país ter a maior rede de câmeras de vigilância do mundo, com mais de 170 milhões de unidades em funcionamento. É possível identificar uma pessoa em uma distância de até 50 metros, mesmo de costas.
O caso, como na maioria dos que envolvem inovações tecnológicas na atualidade, tem despertado reflexões e polêmicas. Após ter sido criticado pela implantação de um sistema de “rating” entre seus cidadãos, o governo chinês virou alvo novamente, com as possibilidades de uso questionável da identificação pela forma de caminhar. Há suspeitas de que isso já esteja sendo usado, por exemplo, para monitorar minorias étnicas na província de Xinjiang.
Vamos aguardar para ver como essa história vai andar…