Nova geração promete mudar a vida de todos, mas há empecilhos a serem enfrentados.
Distante da linha de frente dos avanços tecnológicos da atualidade, o Brasil experimenta nos últimos anos a implementação da quarta geração mobile, chamada de 4G. Longe dos padrões norte-americanos, europeus e asiáticos, seguimos no aguardo pela ampla disponibilidade de mais velocidade e melhor desempenho em nossas redes, como tratamos em outro post.
Enquanto isso, Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e China encabeçam a lista dos países da nova geração móvel. As expectativas são altas. Muitos consideram a mudança equivalente à introdução da eletricidade ou da própria internet na civilização. Algo da magnitude da revolução industrial.
Os aparelhos 5G tornarão possível o que tem sido chamado de Internet das Coisas (IoT). Estes dispositivos, dotados com elevada capacidade de processamento e conectividade, permitirão novos patamares de integração e personalização. Carros autônomos, cirurgias remotas também são exemplos de avanços esperados com o advento do 5G.
Mas enquanto as benesses saltam aos olhos, seus efeitos colaterais despertam a atenção de pesquisadores. Estudo publicado na Revista Nature, por exemplo, apontou que o aumento na quantidade de conexões 5G pode interferir nos sistemas de meteorologia. Isso porque os satélites que monitoram a concentração de vapor de água na atmosfera nos Estados Unidos funcionam em uma frequência de 23,8 gigahertz, e a faixa reservada para as redes 5G está entre 24,25 e 25,25 GHz. Operando em frequências tão próximas, pode ser que haja interferência, prejudicando não só as previsões do tempo nos EUA, mas também ao redor do mundo, dado que agências meteorológicas ao redor de todo o mundo se valem do dados gerados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês). O desafio aqui é criar maneiras de impedir esse conflito.
O aumento no consumo de energia e a consequente emissão de poluentes é outra efeito indesejado. Somando-se o que consomem centros de processamento de dados, aparelhos e redes vinculados a eles, chegamos a uma porção de 5% a 9% do consumo mundial de energia, e 2% dos níveis de poluição global. Se considerarmos que a nova geração demandará mais armazenamento e maior capacidade de processamento, os valores tenderão a aumentar, a não ser que os aprimoramentos consigam, como é desejável, aumentar a eficiência e diminuir os impactos negativos no ambiente.
Além do mais, a chegada do 5G exigirá a adoção de aparelhos mais potentes, o que significará milhões de dispositivos obsoletos descartados, aumentando a massa de resíduos, com muitos componentes que não são recicláveis ou degradáveis.
Daqui, seguimos aguardando o momento em que poderemos desfrutar das inúmeras vantagens da quinta geração mobile. E também torcendo para que, até lá, já tenham conseguido minimizar seus malefícios.