Avanços da Computação Quântica impressionam, mas também preocupam especialistas em segurança.
Sinais concretos de uma Computação Quântica funcional já começam a aparecer. Após a notícia de que a Google pode ter alcançado esse feito com seu processador Sycamore, essa realidade parece cada vez mais próxima. Nesse contexto, é natural que cientistas e empresas busquem se aprimorar e sair na frente dessa corrida tecnológica.
Quanto mais estudos sobre o tema, mais se especula sobre as possibilidades que a Computação Quântica pode trazer, aumentando as expectativas mas também as preocupações, sendo a segurança uma das mais urgentes.
A criptografia é a base da segurança na internet e é essencial para comércio, privacidade e até mesmo segurança nacional. A criptografia moderna consiste na codificação de informações para que o acesso a elas seja limitado, normalmente por quem possui a “chave” para esse código, como é o caso das senhas em sistemas online. Esses dados estão relativamente seguros nos dias de hoje, ainda que a ação de crackers possa ser uma ameaça.
A Computação Quântica se baseia em máquinas capazes de fazer cálculos muito mais rápidos que as atuais, aumentando a eficiência e até otimizando o consumo de energia, e isso abre portas para os mais diversos avanços, desde simulações, modelamentos e análises complexas. Mas esse poder de processamento também pode servir a pessoas mal-intencionadas. Especialistas temem que o processo de desencriptação seria muito mais fácil e rápido em computadores quânticos e, assim, boa parte da nossa base de dados estaria desprotegida.
A Dra. Jill Pipher, Presidente da Sociedade Americana de Matemática, pesquisadora das ameaças à segurança que vêm com essa nova vertente tecnológica, alerta: “devemos começar agora a preparar todos os nossos sistemas de segurança da informação para resistir à computação quântica. Primeiro, perceber o poder da computação quântica e [segundo] proteger contra os perigos que ela pode trazer.”
Pipher acredita que um método de criptografia que tem potencial de resistir à computação quântica é o que desenvolveu em 1996 com Jeffrey Hoffstein e Joseph Silverman, chamado NTRUEncrypt. Ele é mais eficiente que outros tipos tradicionalmente usados, como o RSA (Rivest-Shamir-Adelman) ou ECC (criptografia de curva elíptica). “Descobrimos que o sistema de criptografia que construímos não pode ser quebrado por um computador quântico”. Mas mesmo com essa aposta, ela conclama para que mais pesquisadores se empenhem em buscar soluções: “Precisamos de muito mais pesquisas nessa área”.