Experimento revela admiração por fórmulas e equações, similar à expressada por sonatas e pinturas.
A busca pela beleza une pintores, poetas, músicos e outros artistas. E também os matemáticos e estatísticos, confirma agora estudo conjunto das universidades de Bath e Yale. O experimento buscava testar se nós compartilhamos com algoritmos e equações a mesma sensibilidade estética das artes. “Nós” as pessoas comuns, pois já é notória a paixão dos matemáticos pelo seu objeto de estudo: confira aqui a famosa lista com as dez mais lindas equações de todos os tempos.
E, de fato, também valorizamos uma bela sequência de números. No experimento, pessoas foram divididas em grupos e orientadas a avaliar quatro sonatas de piano, pinturas de paisagens e algoritmos, atribuindo a cada um notas nos quesitos beleza, universalidade, sofisticação, profundidade, simplicidade, elegância e seriedade.
Os resultados foram cruzados, assim como a relação entre eles. As conclusões foram surpreendentes, com a revelação de um padrão unindo as avaliações das peças artísticas e matemáticas e, mais, capaz de predizer o gosto médio de cada grupo em relação a uma determinada fórmula. Os resultados apontaram uma mesma correlação entre as notas de elegância e beleza para cada avaliação. Pessoas que consideravam elegantes uma equação ou sonata, tendiam a também avaliá-las como belas.
Ou seja, nós compartilhamos uma “intuição” sobre o que é um algoritmo belo ou não.
“Demonstramos este fenômeno, mas não entendemos os limites dele. É importante refazê-lo, com outras obras de arte. Mas acredito que entender o que uma pessoa considera bonito em matemática nos permitiu entender nossa própria compreensão da matemática”, disse Samuel G.B. Johnson, um dos coautores do estudo e professor na Escola de Administração da Universidades de Bath. Sua carreira é dedicada ao entendimento de como as pessoas avaliam diferentes argumentos e conceitos.
Já o professor Stefan Steinberger, da Universidade de Yale, deu início à pesquisa ao perceber a elevada correlação entre seus estudantes de matemática e o gosto por música.
Para o estudo, foram usados os seguintes algoritmos, equações e fórmulas: o “truque de Gauss” (usado para somar potências), o princípio pingeonhole (também conhecido como teorema de Dirichlet), uma prova geométrica da fórmula de Faulhber e uma amostra gráfica da soma de uma série geométrica infinita.
Nas sonatas, a número 4, D 780, de Schubert, a fuga em Mi menor, de Bach, a variação Diabelli, de Beethoven, e o prelúdio em Ré maior, op. 87, de Shostakovich. As paisagens: Olhando o Vale de Yosemite e Tempestade nas montanhas rochosas, de Albert Bierstadt, o Vagão de Feno, de John Constable, e O Coração dos Andes , de Frederic Edwin Church (foto em destaque).