A quantidade de pessoas sem internet no Brasil supera a população de São Paulo.
Em um cotidiano onde o uso da internet é tão recorrente, é necessário fazer um certo esforço para enxergar que há uma parcela consideravelmente alta da população que não tem acesso a essa tecnologia. Enquanto 89% dos usuários de internet acessam a rede todos os dias (ou quase todos), existem aproximadamente 48 milhões de brasileiros que nunca se conectou, cerca de 23% da população total do Brasil.
Essas informações, assim como muitas outras, foram registradas no levantamento TIC Domicílios 2018. A pesquisa, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), buscou estudar o cenário do acesso e uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no Brasil, e apresentou dados socioeconômicos relevantes sobre o acesso a aparelhos e serviços.
O índice ainda é bastante expressivo, mas a população sem acesso à internet tem diminuído bastante. Em 2014, 39% da população brasileira estava offline. A inclusão digital em muito se deve ao acesso cada vez mais amplo aos smartphones e dos planos acessíveis de internet móvel, já que apenas 67% dos lares brasileiros possuem acesso à rede.
Os dados apresentados pela pesquisa denotam traços da realidade socioeconômica e cultural do país. Por trás do alto índice de pessoas sem acesso à internet existem outras questões como a faixa etária elevada de parte desse grupo e a dificuldade de lidar com a tecnologia, o baixo grau de instrução, o contingente que reside fora dos grandes centros urbanos, a baixa renda familiar e o pertencimento às classes sociais mais pobres. Esse contexto dificulta a utilização da rede por muitos brasileiros, o que acaba gerando ou agravando outros problemas, tais como as dificuldades na obtenção de emprego e a restrição de acesso a serviços públicos, conteúdo educacional, cultura e comunicação.
Enquanto o mercado tecnológico cresce em grandes proporções e se discute cada vez mais sobre esses avanços, o Brasil ainda tem um longo desafio de tentar integrar essa grande parcela da população. Se a tendência é caminharmos para um mundo cada vez mais digital e online, é necessário pensar políticas e estratégias para a integração dessas pessoas, na comunicação, no acesso a serviços, no mercado de trabalho e no consumo como um todo.