Computadores e máquinas são cada vez mais sofisticados e eficientes. Mas os humanos têm seus diferenciais.
Há tempos os robôs deixaram de ser frutos da inventividade de autores, roteiristas e diretores, para se tornarem peças reais do cotidiano. Sejam eles equipamentos com a capacidade de se locomover, desempenhar tarefas mecânicas, identificar coisas e até mesmo falar, ou supercomputadores dotados de algoritmos complexos, os robôs estão por aí. E são melhores que nós em muitas habilidades.
O receio de um dia sermos superados e dominados pelas máquinas é reforçado a cada avanço da tecnologia. Em uma visão menos apocalíptica, mas bastante pé no chão, parece dado que muitas atividades ainda desempenhadas por humanos serão assumidas, cedo ou mais cedo ainda, pela automação.
O principal conselho de especialistas aos que mais se preocupam é desenvolver habilidades que dificilmente computadores ou robôs poderão superar. “Quanto mais habilidades, conhecimento e experiência você tiver, menos chances terá de ser substituído ou automatizado, então adquira o que puder, o mais rápido que puder”, enuncia Larry Alton, em artigo na Forbes, entre as formas de nos prepararmos para a iminente “revolução robótica”.
Outros itens a nos distinguir e que são predicados valiosos são, por exemplo, a adaptabilidade e a sociabilidade. Vale investir no desenvolvimento desses traços, como discorre Adam Waytz em seu livro “The power of human”.
A adaptabilidade consiste na capacidade de reagirmos aos imprevistos, de sermos flexíveis. Os computadores e robôs são muito bons em repetir atividades milhões de vezes (e sem se cansar), mas ainda é vantagem nossa conseguirmos nos adaptar diante dos mais específicos cenários.
A sociabilidade, por sua vez, se relaciona à inteligência socioemocional. Mais do que quaisquer animais, e que dirá do que as máquinas, os humanos têm habilidades de compreensão de emoções, empatia, entrosamento e colaboração, enfim.
Waytz apresenta ainda um contraponto, tratando de como os esforços tanto para se adaptar a um mundo mutável e exigente, quanto para lidar com a sociabilidade como imperativo do mundo profissional, podem ser exaustivos e desgastantes. Aí entra outro diferencial humano, um luxo ao qual as máquinas não se dão: o lazer. Ao perguntar, em uma de suas pesquisas, o que um humano pode fazer e um robô não pode, o pesquisador obteve entre várias respostas a sua preferida: “a mente de um robô não pode vagar”.
Aí reside um alívio para as pressões – que resultam, o mais das vezes, na piora do desempenho – e um trampolim para a produtividade. Muitas organizações incentivam o lazer para evitar casos cada vez mais comuns da síndrome de burnout e outros males advindos da cultura do trabalho incessante. Além do mais, diversas pesquisas apontam que a distração mental está diretamente associada a benefícios cognitivos, como o incremento da criatividade.
O próprio Waytz, em estudo recente em parceria com a psicóloga Meghan Meyer, mostrou que pessoas bem-sucedidas em atividades criativas têm maior capacidade de pensar além do aqui e agora. Portanto, indivíduos versáteis, com maior diferencial competitivo.
A capacidade de comunicação sofisticada também é um campo no qual levamos vantagem. Embora haja tentativas de criação de “robôs autores” e o uso de algoritmos para a disseminação de notícias e conteúdos seja algo comum – assunto que já tratamos aqui – ainda somos muito melhores em nos comunicar de forma convincente.
E, fazendo o uso dessa habilidade, esperamos tê-lo deixado, caro leitor, mais tranquilo em relação à supremacia dos robôs. Ainda somos imbatíveis em muitas coisas, sobretudo naquilo que nos distingue de todas as outras criaturas e inventos.