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A Inteligência Artificial pode encontrar a cura do coronavirus?

28/02/2020 Posted by Data Science, Pessoas, Tecnologia, Tendências 0 thoughts on “A Inteligência Artificial pode encontrar a cura do coronavirus?”

Iniciativas baseadas em machine learning e open data buscam combater o vírus.

Com a atenção mundial voltada para a disseminação do coronavirus, a comunidade científica busca todo tipo de suporte para combatê-lo. É a hora para novas tecnologias provarem seu valor em campo, mas os esforços recentes mostraram apenas seus limites e algumas possibilidades.

O resultado de maior repercussão foi a ferramenta de inteligência artificial que primeiro disparou o alerta, muito antes das autoridades de saúde. Falamos dele aqui, mostrando como ainda em 31 de dezembro do ano passado o sistema da healthtech canadense BlueDot enviou a seus clientes um alerta de possível doença em regiões onde o coronavírus se manifestou. E mais. Ainda foi capaz de antever alguns dos primeiros destinos para os quais a enfermidade foi “exportada”: Seul, Taipei, Tóquio e Bangkok.

Entretanto, vale dizer que o alerta não foi capaz de identificar com clareza o grau de risco da doença e que, apenas algumas horas antes, de forma independente, um grupo de monitoramento, formado por médicos e pesquisadores voluntários, já preparava um alerta.

O BlueDot é uma ferramenta de machine learning, e, como todo sistema do tipo, depende do volume e da qualidade de dados disponíveis. Esse é um limite para as ações atuais. Epidemias como a do Covid-19 disseminam-se de forma rápida e dispersa em grandes áreas, dificultando a coleta e a interpretação de dados.

A identificação do surto é crucial, mas as novas tecnologias atuam em outras formas de combate. A principal delas, é claro, é a busca por algum tipo de cura. Há diferentes estratégias em curso. A Insilico Medicine, em Hong Kong, é uma empresa focada no uso de ferramentas de Inteligência Artificial e Deep Learning para a descoberta de tratamentos para doenças diversas. Eles compartilharam com a comunidade científica, recentemente, as estruturas de seis moléculas com capacidade teórica para atacar uma proteína específica do coronavirus.

A Inteligência Artificial foi usada no processo de geração, síntese e teste das estruturas moleculares e mais de 100 foram desenvolvidas e submetidas ao programa, restando as seis mais promissoras. “Nós encorajamos a comunidade científica a avaliar as moléculas e considerar a possibilidade de sintetizá-las para teste”, disse o CEO da Insilico, Alex Zhavoronkov.

Importante ressaltar que a sequência de DNA do vírus já foi identificada e tornada pública (no GenBank) pela Fudan University, de Shangai. Um pedacinho dele:

 

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Outras iniciativas estão em andamento ao redor do mundo, como o desenvolvimento da vacina pela Sanofi Pasteur, em parceria com a U.S. Biomedical Advanced Research Authority (Barda). Falaremos sobre elas aqui, em breve.

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Crédito da imagem: Pixabay

 

Dr. Algoritmo e o coronavírus

07/02/2020 Posted by Pessoas, Tendências 0 thoughts on “Dr. Algoritmo e o coronavírus”

Inteligência artificial previu surto antes do alerta da OMS e está sendo usada na luta contra a doença.

 

O mundo está sobressaltado com as notícias de que o ainda pouco conhecido coronavírus acometeu milhares de pessoas na China e começou a se espalhar por outros países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu a notificação do surto da doença em 9 de janeiro, três dias depois de uma nota do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Mas quem primeiro notou o perigo que se aproximava foi um algoritmo de inteligência artificial.

Em 31 de dezembro do ano passado o sistema da healthtech canadense BlueDot enviou a seus clientes um alerta de possível doença em regiões onde o coronavírus se manifestou. E mais. Ainda foi capaz de antever alguns dos primeiros destinos para os quais a enfermidade foi “exportada”: Seul, Taipei, Tóquio e Bangkok. 

O BlueDot se baseia em dados coletados de agências de notícias em 65 idiomas, redes de pesquisa de doenças em animais e plantas, comunicados oficiais de empresas do agronegócio e pecuária, entre outras. Um grupo de 40 colaboradores, entre cientistas e programadores, qualifica os dados, desconsiderando o que não é credível e acrescentando informações complementares. 

Por meio de Machine Learning todo esse volume de dados é lido e interpretado, gerando os alertas – que por ora são direcionados apenas aos clientes da empresa, público que deve ser ampliado em breve, segundo o fundador e CEO da BlueDot, Kamran Khan. “Podemos captar notícias de possíveis surtos, pequenos murmúrios, fóruns ou blogs com indicações de algum tipo de evento incomum acontecendo”, descreve. Há, segundo ele, um grande esforço para que as informações sejam validadas, de forma a não gerar alarmes falsos e ondas de pânico. 

A solução desponta como uma funcionalidade importante, que promete mais celeridade em relação aos organismos oficiais. “Sabemos que não se pode confiar nos governos para fornecer informações sensíveis em tempo hábil”, comenta Khan. Os interesses políticos e econômicos em não divulgar a gravidade de certos problemas pode, de fato, influenciar na rapidez em que a informação chega à população. 

Um soldado na luta contra o vírus

A inteligência artificial também está a serviço do tratamento dos casos e do gerenciamento de toda a batalha contra o coronavírus. Autoridades de Xangai lançaram dias atrás um robô capaz de conversar com as pessoas, identificar seu quadro de saúde e recomendar ações que minimizem riscos de contágio.“Com base em sua condição, é aconselhável que você fique em casa para uma observação de quarentena de 14 dias. Enviaremos suas informações aos centros de saúde comunitários para acompanhamento”, diz o sistema, em um exemplo de intervenção. 

Em Pequim e Shenzen, ferramentas de IA integrantes dos sistemas de controle de aeroportos e estações de trem detectam o calor corporal dos passageiros, identificando áreas de aglomeração. Assim, consegue piorizar viagens que diminuam o número de pessoas em uma mesma plataforma e até mesmo verificar sinais de febre em um indivíduo. 

O coronavírus têm mostrado um potencial de contaminação muito rápido, estando próximo de alcançar o número de casos registrados de Ebola e já tendo superado em quase quatro vezes as ocorrências de SARS. Felizmente, seu percentual de letalidade (2,0% dos casos) é bem inferior ao dessas duas doenças (43,9% e 9,6%, respectivamente) e do H1N1 (17,4%). 

Seguimos todos – humanos e algoritmos – na expectativa de que o surto seja contido.

(Crédito da imagem: _freakwave_ por Pixabay)