#10YearsChallenge: brincadeira viral ou coleta de dados?

18/01/2019 Posted by Data Science, Pessoas, Tecnologia 0 thoughts on “#10YearsChallenge: brincadeira viral ou coleta de dados?”

Desafio que movimentou a internet pode ser um grande negócio para as empresas de tecnologia.

As redes sociais foram invadidas nos últimos dias por mais um divertido desafio: postar lado a lado uma foto tirada 10 anos atrás e outra atual. Acompanhadas da hashtag “#10YearsChallenge”, as postagens chegaram a mais de 5,5 milhões só no Instagram. Além dos anônimos, celebridades e até autoridades entraram no jogo.

Mas por trás de uma onda aparentemente inofensiva pode estar um processo valioso de coleta de dados. Em um artigo na revista Wired, a especialista em estratégia digital Kate O’Neill alertou para a possibilidade de as grandes empresas de tecnologia aproveitarem-se das informações que podem ser obtidas a partir das fotos postadas.

Todas as big players nesse setor – como o Google e o Facebook – investem pesado no aprimoramento de seus sistemas de reconhecimento facial, ano após ano. E quanto maior for o volume de dados qualificados que conseguirem captar, maior será sua efetividade na tarefa de identificar pessoas pelos traços da face. Nisso o desafio ajuda muito: faz com que milhões de pessoas postem fotos de si mesmas, todas identificadas com uma tag que agrupa as postagens semelhantes.

A reflexão de O’Neill começou com um tweet, e sua intenção não é criar uma sensação de pânico, mas levantar um tema a se pensar. Muitos até rebateram seus argumentos dizendo que boa parte das fotos usadas na brincadeira já estavam publicadas nas redes sociais, ou seja, repostá-las não traria nada de novo em matéria de conteúdo. Ela propõe outro ponto de vista: as regras do desafio podem auxiliar a criação de um vasto banco de dados de progressão de idade, pois todas mostram como os participantes envelheceram em um período aproximado de tempo. “Em outras palavras, graças a esse meme, agora há um conjunto de dados muito grande de fotos cuidadosamente selecionadas de pessoas de cerca de 10 anos atrás e agora”, diz a autora.

As aplicações do reconhecimento facial podem ser as mais variadas, da identificação de pessoas desaparecidas e de terroristas, passando pela publicidade direcionada e chegando até a influenciar nos custos do plano de saúde – caso alguém esteja envelhecendo rápido demais para os parâmetros da empresa que escolher.

Em um cenário distópico – mas não inimaginável –, a tecnologia pode até nos aproximar de uma realidade orwelliana, onde impera a vigilância full time, como no clássico livro “1984”. Mas não será (apenas) o #10YearsChallenge que nos levará até lá…

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