Posts tagged "Trabalho"

Perdi a vaga para um robô, que alívio!

13/09/2019 Posted by Pessoas, Tecnologia 0 thoughts on “Perdi a vaga para um robô, que alívio!”

Estudo confronta pessoas com a hipótese de serem substituídas por robôs ou por outros humanos. Quem será que elas preferem?

A relação entre humanos e robôs já não é mais fictícia há um tempo e, com isso, os dilemas que envolvem pessoas e máquinas não são mais apenas hipotéticos. Por exemplo, já tratamos aqui de uma pesquisa que confrontava os entrevistados com um dilema moral envolvendo a decisão de sacrificar um indivíduo para garantir a vida de um grupo, no qual muitos optaram por salvar um robô cheio de predicados positivos em detrimento de humanos anônimos. 

Quando a atuação das máquinas inteligentes impacta o mundo profissional, surgem outras tantas questões. Estimativas dizem que, até 2030, de 400 a 800 milhões de empregos devem ser substituídos pela automação. A partir desse cenário, especialistas se apressam em listar formas de se adaptar à transformação iminente do mercado sem ficar desempregado. 

Um novo estudo, publicado recentemente no Nature, trouxe mais informações sobre esse assunto e destacou como trata-se de uma situação cheia de dilemas e até mesmo contradições. 

Pesquisadores da Technical University of Munich confrontaram os entrevistados com perguntas sobre a substituição de postos de trabalho por outras pessoas ou por robôs, e os resultados foram interessantes. Deles, 62% afirmaram que preferiam que trabalhadores humanos fossem trocados por outros humanos, e não por máquinas, o que mostra um senso de proteção da própria espécie entre os humanos. 

Entretanto, quando a pergunta dizia respeito a eles próprios, os resultados foram diferentes. Só 37% manifestaram a preferência de serem substituídos por outras pessoas. Uma evidência, segundo os estudiosos, que os humanos se sentem menos ameaçados pelos robôs. Não que eles não reconheçam a superioridade das máquinas em muitas habilidades, muito pelo contrário, justamente por isso. 

A pesquisa revela que há um efeito psicológico apaziguador em acreditar que não há como competir com os robôs e algoritmos, programados exatamente para serem mais eficientes que nós, meros e imperfeitos mortais. É menos traumático pensar na perda do emprego para uma máquina que para um profissional mais competente.

Não perca seu emprego para um robô

09/08/2019 Posted by Negócios, Pessoas, Tecnologia 0 thoughts on “Não perca seu emprego para um robô”

A automação vai substituir até 800 milhões de empregos, fique atento para que um não seja o seu.

Os avanços da robótica e da inteligência artificial trouxeram mudanças radicais para o mercado global. Nas universidades, pesquisadores consideram que a quarta revolução industrial já começou, e o cenário para os humanos não é otimista: estudos apontam que, até 2030, de 400 a 800 milhões de empregos terão sido substituídos por robôs em todo o mundo. No Brasil, de acordo com pesquisa feita pela UNB, 54% dos empregos formais estão ameaçados.

Apesar das previsões pouco otimistas para o trabalhador, não é qualquer emprego que pode ser substituído, e mesmo dentre os que podem, nem todos são viáveis. Uma série de fatores determina o potencial para que um trabalho humano seja automatizado, sendo os primeiros a dificuldade e o custo de se trocar uma pessoa por uma máquina. Alguns processos demandam pesquisas longas e investimentos caros. No entanto, se a área possuir pouca mão de obra qualificada e seus trabalhadores forem de alto custo, ela pode tender a optar pela automação. Além disso, é preciso analisar os benefícios secundários da automação, como a maior segurança no trabalho ou menor impacto ambiental, de acordo com a organização, e claro, as regulamentações necessárias e a aceitação social, que podem variar de acordo com a área de atuação da empresa.

Diante desse cenário, a empresa de consultoria norte-americana McKinsey & Company listou alguns pontos para que os trabalhadores possam se prevenir diante dessa ameaça:

  • Adquira o máximo de experiência que puder, afinal, quanto mais conhecimento você tem menos chances terá de ser substituído ou automatizado.
  • Familiarize-se com o quão substituível é o seu trabalho e como isso pode mudar no futuro. Se você sabe que está em um setor de alto risco, pode tomar medidas agora para garantir sua permanência.
  • Não tenha medo de expandir e desenvolver suas habilidades. Dessa forma, se um dos seus possíveis planos de carreira for interrompido, você terá outras opções para seguir.
  • Preste atenção às inovações de automação em seu setor para que você não seja pego de surpresa.
  • Conseguir posições de gerência e diretoria te colocam em um nível de baixo risco de automação. Tente conseguir uma posição nessas áreas.

Além dos trabalhadores, cabe ao governo participar ativamente de ações de proteção ao labor humano, regulamentando o processo de automação, oferecendo programas de capacitação e estimulando novas ofertas de emprego. A economia de um país depende de uma população empregada, que possa contribuir tanto com sua força de trabalho quanto com seu poder de consumo, e ainda que possa parecer vantajoso para um gestor a substituição total de humanos por máquinas, questões sociais, econômicas e de ética devem ser levadas em conta.

Meu chefe é um algoritmo

03/12/2018 Posted by Negócios, Tecnologia, Tendências 0 thoughts on “Meu chefe é um algoritmo”

Como o desenvolvimento da chamada Gig Economy está mudando as relações de trabalho.

Ainda nos anos 1930 o economista britânico John Maynard Keynes alertava para a possibilidade de que o acelerado avanço tecnológico fosse responsável pelo estabelecimento de mecanismos que economizassem trabalho, algo positivo, mas em velocidade muito maior que a descoberta de novos usos para a força e habilidade humana substituída pela automação, o que poderia gerar desemprego e crise.

Motivados por esse insight e pelos efeitos daquela que é chamada de Quarta Revolução Industrial, Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, da Universidade de Oxford, publicaram em 2013 um profético trabalho, no qual analisaram a susceptibilidade de 700 ocupações – tomando por base o mercado de trabalho norte-americano – à computadorização. O resultado é impactante: 47% delas estaria, em maior ou menor medida, em risco.

É difícil dizer se essa nova fase – caracterizada pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação, a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, a Robótica e tantos outros avanços – será responsável por criar empregos em quantidade e qualidade superior àqueles que fará desaparecer. Percebemos com clareza que vivemos um ponto de inflexão no paradigma da indústria, do comércio e da prestação de serviços. Prever onde chegaremos é um desafio mais complexo.

Seja mais ou menos benéfica, a influência das tecnologias emergentes na configuração das relações de trabalho é um dado inegável e cada vez mais preponderante. Exemplo disso é o surgimento da chamada “Gig Economy”, que se baseia na oferta de serviços por intermédio de plataformas digitais, modalidade da qual o Uber é o exemplo mais conhecido no Brasil.

O termo “gig” foi usado nesse sentido pela primeira vez em 1952, em uma peça de Jack Kerouac que retrata o trabalho temporário na ferrovia Southern Pacific. A palavra que no idioma inglês também pode significar show ou concerto, assumiu o sentido de um trabalho pontual, remunerado a partir da demanda e desempenhado por alguém capaz e disponível. Em outras palavras, o famoso “bico” ou “freela”.

Plataformas de carona, entrega de comida, serviços de cuidado de animais domésticos e tantas outras iniciativas surgiram aos montes nos últimos anos, movimentam milhões de trabalhadores e trilhões de dólares. A edição deste ano do relatório da Staffing Industry Analysts (SIA) estimou em 3,7 trilhões o valor movimentado pela Gig Economy ao redor do globo em 2017.

E mais: segundo o JPMorgan Chase Institute, o número de “gig workers” cresceu dez vezes entre 2012 e 2016 nos Estados Unidos. Por sua vez, o Intuit Research prevê que 40% dos postos de trabalho no país serão preenchidos na lógica da Gig Economy até 2020. E o que se vê na América do Norte reflete uma tendência mundial.

As empresas que adentram esse ramo da economia são as responsáveis por criar e administrar as plataformas que conectam os consumidores aos fornecedores. De posse dos algoritmos que desenvolvem, essas corporações passam a atuar como intermediários entre quem precisa de algo e quem pode oferecer a solução. Para elas, parece haver apenas vantagens: podem selecionar profissionais qualificados e com disponibilidade para necessidades específicas, sem o ônus de manter constantemente uma equipe com essas características. Indivíduos estes que podem estar em qualquer lugar do mundo, bastando que tenham uma conexão de internet. Além disso, muitas vezes os contratantes economizam com espaço físico e treinamento, entre outras conveniências.  

Para os gig workers, há mais pontos a ponderar. Os trabalhos informais têm sido responsáveis, no Brasil, por prover renda a uma considerável parcela da população com dificuldades de colocação em um mercado que alcançou 11,7% de desemprego ao final de outubro, segundo o IBGE. Cadastrar-se em alguma dessas plataformas é simples, não envolvendo um processo seletivo ou grande burocracia, e pode ser a solução mais acessível a quem precisa ganhar dinheiro. Sem dúvida é uma opção valiosa em tempos de escassez de postos oficiais de trabalho.

Além do mais, essa modalidade parece a mais adequada para a geração dos milennials, com forte tendência a mudar de atividade de tempos em tempos. Idealmente, este modelo dá ao trabalhador a opção de trabalhar com aquilo que gosta e sabe fazer.

Mas há também o risco da crescente precarização das relações entre empregador e empregado. Tendo em vista que a relação de trabalho estabelecida na maioria das vezes não gera vínculo empregatício, o trabalhador fica desamparado em algumas questões, tais como não obter o volume necessário ou esperado de trabalho e remuneração, o respaldo em caso de doença, o pagamento de férias, o recolhimento de fundo de garantia e outros encargos, etc. A questão de privacidade também é delicada: por estarem vinculados a plataformas digitais, os colaboradores fornecem dados valiosos às empresas que os contratam, com o potencial de serem utilizados de forma abusiva.

Aos consumidores, o desenvolvimento da Gig Economy tem sido predominantemente vantajoso. A solução para necessidades do dia a dia, da mais simples à mais especializada, vem sendo facilitada pela tecnologia. As cenas dos próximos capítulos nos dirão se haverá equilíbrio entre as expectativas dos envolvidos nessa relação – os consumidores, os fornecedores e as plataformas que promovem o “match” entre eles. Tanto melhor ela será se a tecnologia servir para prover a todos a satisfação nos vários aspectos envolvidos