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Inteligência artificial: uma aliada dos psicólogos e psiquiatras

28/11/2019 Posted by Pessoas, Tecnologia 0 thoughts on “Inteligência artificial: uma aliada dos psicólogos e psiquiatras”

Aplicações de IA vêm sendo desenvolvidas para auxiliar no tratamento de questões da mente humana.

A integração da Inteligência Artificial com a área da saúde é uma tendência em franco desenvolvimento. Já falamos dessa interface aqui no blog, mostrando alguns softwares e dispositivos médicos dotados de IA, do auxílio que os algoritmos podem dar na análise de exames de imagem ou mesmo abordando as previsões para os próximos focos de inovação em saúde.

E é ainda importante destacar que a Saúde é uma área pioneira na análise de dados, com o desenvolvimento, ainda nos anos 1970, da corrente prática chamada de “Medicina Baseada em Evidências” (MBE), antecedendo práticas similares na educação, segurança e outras. Na definição da Revista da Associação Médica Brasileira, a “MBE se traduz pela prática da medicina em um contexto em que a experiência clínica é integrada com a capacidade de analisar criticamente e aplicar de forma racional a informação científica de forma a melhorar a qualidade da assistência médica”. 

As áreas de psicologia e psiquiatria estão entre as que se beneficiam dessa “dobradinha”. Enquanto algumas patologias podem ser diagnosticadas por exames de sangue ou de imagem, as doenças psíquicas têm causas complexas e multifatoriais. Para aumentar a assertividade de prescrições e evitar custos e desgaste aos pacientes, sobretudo em casos refratários (nos quais não há resposta aos tratamentos convencionais), é valioso prever qual tratamento surtirá melhor resultado, com menos efeitos colaterais. Já existem bons exemplos. 

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Yale desenvolveu um modelo baseado em Machine Learning (ML) para identificar quais pacientes alcançariam remissão sintomática após 12 semanas utilizando o antidepressivo Citalopram. Das 164 variáveis coletadas entre os pacientes, concluíram que com apenas 25 eram capazes de identificar com 64,60% de acurácia quais deles responderiam bem ao tratamento. 

Outro trabalho, que envolveu pesquisadores suecos, holandeses e britânicos, apontou com 91,70% de acerto quais pacientes com Transtorno de Ansiedade Social se beneficiariam da Terapia Cognitiva Comportamental, fazendo uso de imagens de ressonância magnética funcional. 

Por sua vez, pesquisadores dos EUA, Canadá e China elaboraram um modelo preditivo que indicou os níveis de resposta de pacientes com esquizofrenia ao antipsicótico Risperidona e outro que, a partir de exames de imagem, identificava pacientes com esse distúrbio com 78,60% de assertividade. 

A IA também pode ser usada como auxiliar dos psicólogos e psiquiatras na avaliação dos tradicionais testes gráficos. Um exemplo é o trabalho desenvolvido no Departamento de Ciência da Computação da Universidade da Virginia que resultou em uma versão digital do teste neuropsicológico do relógio, associada a outras duas atividades, de repetir e recordar palavras. O resultado é um aplicativo simples capaz de promover a triagem de quadros demenciais com 99,53% de acurácia. 

Os exemplos, como vimos, já são muitos e as possibilidades são inúmeras. É a tecnologia, mais uma vez, prometendo auxiliar na busca por mais saúde e bem estar.

Hasta la vista, baby!

12/02/2019 Posted by Pessoas, Tecnologia 0 thoughts on “Hasta la vista, baby!”

Pesquisa explora a relação das pessoas com os robôs, diante de um dilema moral.

A TV e o cinema povoaram o imaginário coletivo com inúmeros robôs nas últimas décadas. Muitos de nós adoraríamos bater um papo com C-3PO, de Star Wars, acompanhar ao menos uma parte da vida de Andrew Martin, “O homem bicentenário”, ou de tomar um cafezinho feito por Rosie, a fiel ajudante dos Jetsons. Já T-800, “O exterminador do futuro”, é certamente daquelas companhias que gostaríamos de evitar.

A cada ano que passa a existência de máquinas que executam funções das mais variadas e possuem até mesmo características humanoides deixa as telinhas e telonas e vêm para o mundo real. E a relação das pessoas com esses dispositivos despertou uma curiosidade nos cientistas: em que medida as pessoas demonstram preocupação com os robôs e levam princípios morais em conta, nesse contexto?

Sari Nijssen, da Radboud University, na Holanda, e Markus Paulus, da Ludwig-Maximilians-Universitaet (LMU), na Alemanha, conduziram o estudo tentando responder à seguinte pergunta: Em que circunstâncias e em que medida os adultos estariam dispostos a sacrificar robôs para salvar vidas humanas?

Aos participantes era apresentada uma situação de dilema moral, na qual eles precisavam dizer se estariam preparados para colocar em risco um indivíduo para salvar um grupo de pessoas feridas. Para um grupo, a vítima do sacrifício era humana. Para outro, um robô humanoide com várias características antropomórficas. Para o terceiro e último, um robô claramente reconhecido como tal.

O grande achado do experimento foi que, quanto mais humanizados os robôs, maior foi a dificuldade dos entrevistados em sacrificá-los. Em situações em que os robôs foram apresentados como tendo suas próprias percepções e sentimentos, foi tanto maior o nível de piedade. Alguns até demonstraram clara propensão a salvar o robô cheio de predicados em detrimento dos humanos anônimos.

Acerca dessas observações, o professor Paulus destacou que o grupo estudado atribuiu certo status moral aos robôs. E completou com um alerta: “uma possível implicação dessa descoberta é que as tentativas de humanizar os robôs não devem ir longe demais. Esses esforços podem entrar em conflito com a função pretendida para eles – nos auxiliar”.