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Ensinando solidariedade às máquinas

03/12/2019 Posted by Data Science, Pessoas, Tendências 0 thoughts on “Ensinando solidariedade às máquinas”

No Dia de Doar, refletimos sobre o espaço da solidariedade em tempos de Inteligência Artificial.

Todo dia é dia de doar, mas hoje, a primeira terça-feira depois do Dia de Ação de Graças (o Thanksgiving Day tão celebrado pelos americanos), comemora-se em diversos países o Dia de Doar (Giving Tuesday, lá fora). O movimento mundial teve início em 2012 e vem crescendo desde então. Desapegar e ajudar o próximo é um ato essencialmente orgânico. Não apenas humanos, mas diversas espécies colaboram de alguma forma entre si, garantindo abrigo, alimento e afeto a membros mais fracos da comunidade. Nos perguntamos: é possível ensinar solidariedade às máquinas?

A resposta é sim. Mais do que isso, a solidariedade deve ser um princípio ético central na Inteligência Artificial, defende Miguel Luengo-Oroz, Chief Data Scientist da Global Pulse, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) com foco no acompanhamento de inovações tecnológicas e de comunicação. Em artigo recentemente publicado na prestigiosa revista Nature, Luengo-Oroz chama a atenção para a necessidade de um compromisso com o tema, uma vez que os riscos envolvidos são elevados, e mesmo sistema confiáveis podem ser usados para:

  • Prever o aparecimento de um câncer letal em pessoas que, sem saber, terão seu acesso negado a seguros e planos de saúde;
  • Automatizar tarefas e funções diversas, aumentando a produtividade, mas deixando milhares (ou milhões) de humanos sem trabalho;
  • Antever nossas decisões e cruzar a tênue linha que separa a sugestão da manipulação.

O pesquisador destaca que tecnologias poderosas exigem compromissos e não por acaso a energia nuclear permanece disponível somente com um tratado de não-proliferação de armas nucleares em vigor, assim como existem barreiras legais e fiscalização mundial sobre as pesquisas para manipulação genética.

Diversos países organizam-se para incluir guidelines de inclusão, como a Declaração de Montreal para uma IA responsável, de 2017. O texto propõe que o desenvolvimento de inteligências autônomas deve ser compatível com a manutenção dos laços de solidariedade entre as pessoas. Gostou? Declare seu apoio aqui:

Como um princípio, a solidariedade aplicada à Inteligência Artificial prevê:

1) O compartilhamento da prosperidade criada pela IA, com a implementação de mecanismos para redistribuir o aumento da produtividade entre todos, assim como também distribuir o trabalho, garantindo que a desigualdade não aumente.

 2) A reflexão sobre o impacto das aplicações no longo prazo, evitando a irrelevância de vastos grupos humanos. As consequências devem ser pensadas antes da execução dos sistemas. Repetindo as palavras do escritor Yuval Noah Harari, a Inteligência Artificial pode nos tornar irrelevantes. Os ganhos de produtividade e a capacidade de modelar, replicar e automatizar nossas ações podem criar uma geração de inúteis, como já falamos neste blog.

O maior desafio, no longo prazo, é descobrir como redistribuir o aumento da produtividade de forma a evitar a irrelevância. Não é a tecnologia baseada no homem, mas sim na humanidade, adverte Luengo-Oroz.